PROJETO “OUTRAS IDEIAS” EXIBE OBRAS DE DANIEL ARSHAM E MAKOTO AZUMA NO ATERRO DO FLAMENGO E OI FUTURO

Dois dos mais incensados artistas da atualidade, americano e japonês inauguram instalações inéditas a céu aberto e mostra referencial que ocupa todo o prédio do centro cultural a partir do dia 12 de setembro

Enquanto Arsham criará um enorme jardim zen em que artefatos modernos petrificados substituem as tradicionais pedras como elemento de decoração, Azuma construirá uma instalação viva composta por um  grande círculo de flores

Artistas que se notabilizaram pela criação de instalações arrojadas, como lançar um buquê de flores à estratosfera ou produzir uma réplica de um teclado musical com cinzas de vulcão, e pelas parcerias com nomes badalados da moda, do cinema, da dança e da cultura pop – de Pharell Williams a James Franco –, o americano Daniel Arsham e o japonês Makoto Azuma irão trazer suas obras pela primeira vez ao Rio de Janeiro. Com propostas artísticas singulares que desafiam as leis da natureza e estimulam a imaginação, eles encabeçam a primeira edição da mostra de arte pública “Outras Ideias”, projeto com curadoria de Marcello Dantas, onde apresentarão trabalhos de grande escala desenvolvidos especialmente para o evento, no Aterro do Flamengo, a partir do dia 12 de de setembro.

Simultaneamente, o Oi Futuro abrigará uma mostra referencial com cerca de 20 obras dos artistas, entre esculturas, vídeos e pinturas, que ocuparão o prédio inteiro do espaço cultural até 5 de novembro, além de uma palestra na abertura com a participação de ambos, às 19h, no teatro do centro cultural.

“Acho que a principal característica desse projeto é conectar sensibilidades inéditas ao nosso repertório e possibilitar contato com idéias novas, que a partir de outros pontos de vista nos ofereçam outras fontes de inspiração”, afirma Marcello Dantas, um dos mais ativos curadores de arte contemporânea do país, com um extenso currículo de exposições de arte pública. “Makoto Azuma criou uma forma de arte muito singular, que explora o efêmero das plantas e flores colocadas nos mais variados contextos geográficos. Daniel Arsham explora a simulação do presente projetado no futuro na forma de ruína.  Esse contraste entre o que entra em decomposição e o que é o resquício é uma metáfora forte dos nossos tempos”.

“O Oi Futuro incentiva a democratização da cultura e a interferência em espaços urbanos que modifiquem para melhor a vida nas cidades”, lembra o gestor de cultura da instituição, Roberto Guimarães. “Ao estabelecer um diálogo entre as obras destes dois artistas em evidência no Centro Cultural e no Aterro, o instituto espera modificar a percepção das pessoas sobre o território em que circulam e estimular a sua interação com a arte”.

JARDIM ZEN DO FUTURO

Daniel Arsham se equilibra numa linha entre a arte, a performance e a arquitetura, e esta última ocupa um lugar de predominância em seu trabalho, no qual constrói ambientes com paredes corroídas, escadas indo para lugar nenhum ou paisagens onde a natureza substitui estruturas nas quais prevalece um senso geral de brincadeira. Ele coloca a arquitetura a serviço de situações inesperadas, buscando em experiência cotidianas oportunidades para confundir e misturar as nossas expectativas de espaço, tempo e forma.

“Eu tento criar um espaço onde a arquitetura parece estar em movimento, como se estivesse em processo de se formar ou se deformar”, explica o artista.

Desdobramento da narrativa criada na sua série Arqueologia Ficcional, onde convida os espectadores a observarem objetos do presente como se fossem arqueólogos do futuro, a nova instalação propõe a visão de um mundo que está por vir. O artista vai montar um enorme jardim zen – ambiente milenar que na cultura japonesa serve como refúgio para a meditação e a contemplação – ornamentado com artefatos contemporâneos petrificados, sugerindo uma contraposição do antigo com o moderno.

“Arsham criou um espaço para meditação, talvez uma das coisas mais necessárias numa cidade tensa como o Rio. Ali ele bebe na tradição japonesa dos Jardins Zen e cria uma versão contemporânea dele diante da mais radical paisagem natural da cidade, o Pão de Açucar. Nesse contexto, ele oferece uma chance de diálogo entre as duas paisagens, a exterior e a interior”, analisa o curador.

Portador de uma forma de daltonismo que reduz drasticamente a sua visão das cores, Arsham ficou conhecido pela paleta com diversos tons de preto e branco. No ano passado, quando uma empresa desenvolveu uma linha de óculos de alta tecnologia que separa artificialmente os comprimentos das ondas no espectro, ele conseguiu enxergar cores que jamais havia visto, culminando em sua primeira exposição individual, uma das mais importantes de sua carreira. Com trânsito livre na cena pop americana, o artista já desenvolveu trabalhos com Pharell Williams, James Franco, Merce Cunningham e Juliette Lewis, entre outros.

MANDALA DE FLORES

Makoto Azuma está em evidência pelos trabalhos de escultura botânica com cores vibrantes e propostas ousadas que beiram o inimaginável. Com uma produção artística que se contrapõe à tradicional arte japonesa do Ikebana (composição floral que obedece a regras e simbologias codificadas), ele coleciona uma série de experiências inusitadas, seja no registro fotográfico do envio de bonsais para o espaço e para o fundo do mar ou na produção de esculturas com plantas raras dentro de grandes blocos de gelo para um desfile de Dries Van Noten na Semana de Moda de Paris. No cerne do trabalho de Azuma há um embate entre ciência e natureza.

“A tecnologia me fornece opções e ideias, mas a inspiração vem das plantas”, afirma Azuma.

A instalação que o artista criou para o “Outras Ideias” é um círculo de flores com 20 metros de diâmetro cultivadas em um campo aberto, onde o artista capturará os estágios de decomposição das plantas. O trabalho trata da coexistência da vida e da morte, mostrando aos visitantes – que poderão contemplar a obra de cima, em plataformas erguidas no local – todas as etapas do processo, do florescer à decomposição. No Centro Cultural do Oi Futuro, Azuma vai expor “Box Flower”, uma caixa gigante também composta por flores que irão igualmente se decompor.

“Esse contraste entre vida e morte, o natural e o imaginário, o efêmero e o transiente, é a base do trabalho dele, que já mandou ikebanas ao espaço sideral para encontrar a decomposição no vácuo. Hoje ele oferece a beleza da vida consumindo a vida”, analisa Dantas.

ENTREVISTA COM O CURADOR MARCELLO DANTAS

Qual o maior desafio em trazer para o Brasil obras de dois artistas que estão em grande ascensão no mundo, neste momento?

Acho que a principal característica desse projeto é conectar sensibilidades inéditas ao nosso repertório e possibilitar contato com idéias novas, que a partir de outros pontos de vista nos ofereçam outras fontes de inspiração. O Brasil, em especial o Rio, tem uma cultura muito autofágica, em que ela está sempre se autoconsumindo e esquece de olhar o outro. O olhar do outro moldou a cultura brasileira através dos tempos. O que teria sido de nossa arte sem sobre nomes como Verger, Gautherot, Debret, Eckhout? A proposta é inocular as bases criativas desses artistas no espaço público e oferecer uma conexão com suas outras idéias. Makoto Azuma criou uma forma de arte muito singular, que explora o efêmero das plantas e flores colocadas nos mais variados contextos geográficos.  Já Daniel Arsham explora a simulação do presente projetado no futuro na forma de ruína.  Esse contraste entre o que entra em decomposição e o que é o resquício é uma metáfora forte dos nossos tempos.

Daniel Arsham e Makoto Azuma desenvolveram especialmente para a mostra “Outras Ideias” obras de grande escala para o Aterro do Flamengo. O que o público verá de mais impactante?

Arsham criou um espaço para meditação, talvez uma das coisas mais necessárias numa cidade tensa como o Rio. Ali ele bebe na tradição japonesa dos Jardins Zen e cria uma versão contemporânea dele diante da mais radical paisagem natural da cidade, o Pão de Açucar. Nesse contexto, ele oferece uma chance de diálogo entre as duas paisagens, a exterior e a interior.  A obra se completa com a presença do público que escolhe entre introspectar ou espectar.

Azuma, por sua vez, cria um jardim floral onde a idéia é testemunhar a decomposição, a transformação em biodegradável da obra do artista no contexto da cidade. Esse contraste entre vida e morte, entre o natural e o imaginário, entre o efêmero e o transiente, é a base do trabalho dele, que já mandou ikebanas ao espaço sideral para encontrar a decomposição no vácuo. Hoje ele oferece a beleza da vida consumindo a vida.

E no Centro Cultural do Oi Futuro, como será essa exposição referencial sobre cada um dos artistas?

A idéia é dar uma boa imersão na obra de cada um com vídeos, esculturas e instalações que ampliem a percepção das suas práticas. Azuma terá um enorme cubo com as flores em decomposição, além dos vídeos de seus vários projetos. Arsham mostrará  as suas esculturas em diversos materiais e os videos que são um aspecto notório de sua obra.

Arte, ciência e tecnologia. Quando e como você começou a misturar esses elementos em seus trabalhos como curador?

Desde o primeiro momento em que olhei para arte, eu a vi como uma forma de manifestar e de fazer o encontro entre o terreno da emoção e do conhecimento. Ciência, tecnologia e arte são coisas que se contaminam barbaramente. A arte cresce quando é potencializada por elas e a ciência é desafiada e humanizada quando encontra com idéias artisticas importantes.  Sou radicalmente contra fazer uma arte tecnológica.  Acho que só existe Arte, e o resto são suportes e elementos articuladores, como a ciência, a política, a tecnologia ou a cultura. Arte é uma só, e quando precisa de explicação ou de adjetivo, é porque está incompleta.

Você coleciona mostras de nomes importantes, como Bill Viola, Gary Hill, Jenny Holzer, Shirin Neshat, Peter Greenaway e Anish Kapoor.  Como foi essa conquista no cenário internacional?

Uma das minhas motivações na vida sempre foi trabalhar com as pessoas que me inspirassem. Por isso sempre busquei construir relações com grandes artistas. Fico feliz de poder ter tido o privilégio de aprender muito com os artistas com que trabalhei. Eu tenho plena noção do quanto importante isso foi pra mim e ao mesmo tempo espero ter podido conectar o público a essas raras sensibilidades. Essa conquista é feita apenas por muito trabalho e persistência. Não costumo desistir de idéias, mesmo as que não dão certo, sempre dou um jeito de trazê-las de volta.

BIOGRAFIA DE DANIEL ARSHAM

A prática multidisciplinar de Daniel Arsham, artista baseado em Nova York, desafia a linha entre arte, arquitetura e performance. Criado em Miami, Arsham frequentou a Cooper Union, em Nova York, onde recebeu o Gelman Trust Fellowship Award em 2003. Pouco tempo depois, ele foi convidado a criar design de palco e cenografia para turnê da Merce Cunningham’s Dance Company, companhia de dança do lendário coreógrafo Merce Cunningham, levando Arsham a uma prática contínua de design de palco e a uma colaboração duradoura com Jonah Boaker, coreógrafo e ex-bailarino da companhia.

Em 2007, Arsham fundou a Snarkitecture com o parceiro Alex Mustonen. Esta colaboração inclui trabalhos com marcas de moda, de design interior e de arquitetura, além de uma linha completa de objetos de design funcional. Em 2014, nasceu a produtora Arsham’s Films of the Future. Esta empresa sintetiza toda a produção criativa de Arsham ao longo da última década e cria um universo visual no qual sua obra de arte futurista, “do outro mundo”, pode existir.

O trabalho de Arsham foi exibido no PS1, em Nova York, no Museu de Arte Contemporânea de Miami, na Bienal de Atenas, na Grécia, no The New Museum, em Nova York, no Mills College Art Museum, em Oakland, Califórnia, no Carré d’Art de Nîmes, na França, entre muitos outros.

BIOGRAFIA DE MAKOTO AZUMA

Azuma juntou-se com Shunsuke Shiinoki em 2002 para abrir JARDINS des FLEURS, uma floricultura “haute couture” na área de Ginza (agora localizada em Minami-Aoyama), em Tóquio, que oferece buquês projetados sob demanda utilizando flores compradas especialmente para cada pedido.

Em 2005, além de seu trabalho na floricultura, Azuma começou a explorar o potencial expressivo das plantas. Ele inventou o gênero da “Escultura botânica”, criando obras que rapidamente começaram a ser requisitadas também para fora do Japão. Após uma exposição individual em Nova York, suas audaciosas obras foram exibidas repetidamente na Europa. Ao lançar o laboratório botânico experimental Azuma Makoto Kaju Kenkyujo (AMKK), em 2009, ele expôs suas obras em museus de arte, galerias e espaços públicos em todo o mundo.

Nos últimos anos, Azuma tem se concentrado em projetos que exploram as conexões entre seres humanos e flores. Ele continua a perseguir a beleza das plantas de seu ponto de vista distintivo.

SOBRE O OI FUTURO

O Oi Futuro promove, apoia e desenvolve ações inovadoras e colaborativas para melhorar a vida das pessoas e da sociedade. Com a atuação nas frentes de Educação, Cultura, Inovação Social e Esporte, o instituto acelera iniciativas que potencializam o desenvolvimento pessoal e coletivo, fomentam experimentações de inovação e estimulam conexões.

Na Educação, o Oi Futuro investe em modelos inovadores para inspirar novas formas de aprender e ensinar. O NAVE (Núcleo Avançado em Educação) forma jovens para as economias digital e criativa, com foco na produção de games, aplicativos e produtos audiovisuais. O programa, desenvolvido em parceria com as Secretarias de Estado de Educação do Rio de Janeiro e Pernambuco, oferece ensino médio integrado. Além de obter formação voltada para a indústria criativa e digital, os estudantes do NAVE são incentivados a desenvolver o espírito empreendedor e a estabelecer suas primeiras conexões profissionais, por meio de projetos e eventos de integração com o mercado de inovação.

Na área Cultural, o instituto atua como um catalisador criativo, impulsionando pessoas através das artes, estimulando a produção colaborativa e promovendo o acesso à cultura na era digital. O Oi Futuro mantém um centro cultural no Rio de Janeiro, com uma programação que valoriza a produção de vanguarda e a convergência entre arte contemporânea e tecnologia, além da gestão do Museu das Telecomunicações e de sua Reserva Técnica, pioneiro no uso da interatividade no Brasil. O Instituto também realiza o Programa Oi de Patrocínios Culturais Incentivados, que seleciona projetos em todas as regiões do país por meio de edital público.

Na Inovação Social, o Oi Futuro viabiliza projetos empreendedores inovadores que trazem propostas para solucionar desafios atuais das cidades, contribuindo para o desenvolvimento da sociedade. O Oi Futuro também aposta em projetos esportivos que conectem pessoas e promovam a inclusão e a cidadania.

SERVIÇO

Exposição: Outras Ideias

Locais: Oi Futuro Flamengo e Aterro do Flamengo

Abertura para convidados: 11 de setembro de 2017

Visitação: 12 de setembro a 5 de novembro de 2017

Horários: de terça a domingo, de 11h às 20h

Palestra com a participação dos dois artistas: 12 de setembro, às 19h, no teatro do Oi Futuro

 Entrada gratuita

Classificação indicativa: livre

OI FUTURO

Rua Dois de Dezembro, 112 – Flamengo – Rio de Janeiro

Informações: (21) 3131-3060

OBRAS NO ATERRO DO FLAMENGO

Daniel Ashram: na altura da passagem em frente ao Bar Belmonte (perto da Rua Tucumã)

Makoto Azuma: ao lado do antigo Porcão Rios

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