O mais recente trabalho de Karim Aïnouz, filmado durante as manifestações que tomaram conta da vida política da Argélia no último ano, faz parte da mostra Panorama do prestigiado Festival de Berlim.

 

O diretor premiado em Cannes na mostra Un Certain Regard, Karim Aïnouz, está de volta ao Festival Internacional de Cinema de Berlim – Berlinale, com o documentário NARDJES A. Filmado em um smartphone no início da Hirak (movimento de protestos que tomou conta da vida política Argélia desde o início de 2019), o filme é o retrato íntimo de um ativista que luta por um futuro democrático na Argélia em um momento de agitação política. Em meio a crises globais, NARDJES A. simboliza o ardor das jovens gerações de 2020, que invadem as ruas reivindicando um futuro melhor em todo o mundo.

O filme terá sua estreia mundial na mostra Panorama da 70º Berlinale. Produzido por: watchmen productions, MPM Film, Show Guest Entertainment e CINEMA Inflamável, em coprodução com Canal Brasil. Com o apoio do Instituto de Cinema de Doha e desenvolvido por Final Cut em workshop da Bienal de Veneza.

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Argélia, fevereiro de 2019. Uma onda de protestos populares de cunho pacífico toma as ruas de Argel contra a apresentação da 5ª candidatura do então presidente Bouteflika. Nardjes, uma jovem militante argelina, encontra no movimento um espaço para reivindicar um futuro melhor para a sua geração. Filmado em 8 de março de 2019, Dia Internacional da Mulher, NARDJES A. retrata um dia na vida da ativista enquanto ela se junta aos milhares de manifestantes nas ruas de Argel que seguem em luta para derrubar o regime que os silenciou por décadas. Seguimos seus passos em meio a um momento histórico para seu país. ‘NARDJES A.’ é uma coprodução entre Alemanha (Watchmen Productions), França (MPM Film), Argélia (Show Guest Entertainment, Brasil (CINEMA Inflamável), e Qatar (Instituto de Cinema de Doha), coproduzido pelo Canal Brasil.

NOTA DO DIRETOR: Esta foi minha primeira viagem à Argélia, país de origem de meu pai, que eu só conhecia por nome e foto, mas que sempre habitou a minha imaginação como uma promessa de pertencimento. Eu estava lá para a pré-produção de um projeto muito pessoal, “Argelino por Acaso”, um filme sobre como se deu a improvável história de amor dos meus pais, o filme que sempre sonhei fazer. Chegar à Argélia no início de 2019 foi absolutamente brutal.

Argel estava eletrizada em torno de uma atmosfera de luta e esperança. De repente, filmar Nardjes A. surgiu como algo vital. Este é um filme urgente. O barulho das ruas e a agitação da cidade ocupada por uma juventude febril me convenceram de que durante aquelas 24 horas não havia nada mais importante a ser retratado: Argel estava efervescente.

Eu, que acabei aprendendo sobre a Revolução da Argélia nos livros de história, muito embora tendo sempre nutrido uma sensação de estranha de familiaridade com o país, agora estava tendo a sensação de testemunhar algo enorme: uma onda pacífica de manifestações que até hoje, toda sexta-feira, ocupa as ruas reivindicando liberdade e democracia. Há algo extremamente bonito e poderoso sobre como essas três gerações se uniram durante as últimas semanas. Os jovens que se manifestavam pacificamente nas ruas são netos daqueles que encaparam a revolução de Independência nos anos 60. O que aconteceu? O que deu errado? O que deveria ter sido diferente?

Assim que conhecemos Nardjes (26), de alguma forma reconhecemos o filme. A princípio o que me atraiu foi a possibilidade de através de sua vida capturar uma visão mais subjetiva do que estava acontecendo. Filmar essas 24 horas ao seu lado foi a maneira como conseguimos nos aproximar do significado do que estava acontecendo nas ruas. Não se tratava apenas da renúncia de um presidente, mas de um silenciamento sistemático, de um encurtamento de horizontes e de uma reverberação potente de todos os sentimentos profundos que estão presentes nas ruas, agora condensados pelas demandas dos manifestantes ocupavam essas mesmas ruas.

Eu quero que esse filme seja ousado, alto, barulhento, rápido e voraz, como as manifestações foram e continuam sendo. As manifestações de Argel ressoam além da Argélia. Eles falam de uma geração que teve seu futuro roubado, mas ainda encontra na esperança um lugar fértil para imaginar o amanhã.

FICHA TÉCNICA

Direção: Karim Aïnouz

Diretor de Fotografia: Juan Sarmiento

Montagem: Ricardo Saraiva

Montagem de som: Sebastian Morsch

Produtores: Marie-Pierre Macia, Christopher Zitterbart, Richard Djoudi, Claire Gadéa, Janaina Bernardes

Coprodutor : Canal Brasil

Apoio: Apoiado pelo Doha Film Institute – Desenvolvido por Final Cut em workshop da Bienal de Veneza

Gênero: Documentário

Ano: 2020

Países: Argélia / França / Alemanha / Brasil / Qatar Premiere Mundial / Mostra Panorama Dokumente

 

SOBRE O DIRETOR

KARIM AÏNOUZ é um premiado cineasta, roteirista e artista visual. Aïnouz estreou como diretor de longas-metragens com Madame Satã (Cannes Un Certain Regard 2002). Outras obras incluem Nardjes A. (Panorama Berlinale, 2020) Aeroporto Central (Prêmio de Anistia, Berlinale 2018), Praia do Futuro (Competiton, Berlinale, 2014), O Abismo Prateado (Quinzena do diretor de Cannes, 2011) e O Céu de Suely (Horizons, Festival de Veneza, 2006). Em 2008, Aïnouz co-dirigiu a série de TV Alice para a HBO América Latina. Como artista visual, destacam-se instalações artísticas e projetos colaborativos que fizeram parte de exposições ao redor do mundo. Aïnouz dirigiu mais de 15 filmes. Seu último longa metragem, Vida Invisível, estreou em Cannes na mostra Un Certain Regard em maio de 2019, onde recebeu o Prêmio Principal e mais de 50 prêmios em todo o mundo. Aïnouz também é mentor de roteiro no Instituto Brasileiro Porto Iracema das Artes e membro da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.

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