INDIVIDUAL DE LUIZ BRAGA REÚNE

TRABALHOS INÉDITOS EM PRETO E BRANCO

Mostra apresenta obras de períodos diversos e inaugura a nova sede da Galeria da Gávea

Ao longo dos mais de 40 anos de sua premiada carreira, o fotógrafo paraense Luiz Braga tornou-se uma sólida referência na produção visual contemporânea brasileira, seja pelo singular uso da luz, como também pela tradução íntima e sensível da exuberância de sua Belém natal, da Ilha de Marajó e dos arredores da região amazônica paraense, cenários recorrentes em sua vasta obra. Sua produção P&B é o grande destaque da mostra individual Espelho d’água, que marca a inauguração da nova sede da Galeria da Gávea, uma casa tombada de 1881, a partir de 15 de setembro.

A exposição reúne cerca de 30 trabalhos, a maioria inéditos, produzidos desde os anos 1980 até hoje. De tamanhos variados, há novas impressões e também cópias vintage, impressas pelo artista na época em que as imagens foram feitas.

“Ao olhar suas milhares de fotografias, percebemos não só a força da relação do caboclo com a água – grande personagem dessa narrativa – mas a capacidade do Luiz de criar uma fabulação, de fotografar com o encantamento de um menino. A exposição tem a intenção de resgatar esse lado”, analisa Bernardo Mosqueira, curador da mostra. “Um exemplo são retratos de homens que carregam folhas nas costas, ou outro que sai da água carregado de peixes, que poderiam ser referidos como ‘o vendedor’ e ‘o pescador’, mas que para ele se transformam em um homem com asas e um tritão. Braga constrói uma fabulação a partir dessa cultura, que é muito imersa nos mitos e na maneira de entender o mundo a partir do encantado, das lendas. Há tanto obras de 1981 como de 2016, mas é como se fosse um só instante. Aqueles personagens convivem dentro do universo do Luiz. E a escolha das imagens em P&B deixa o conteúdo dessas narrativas mais evidente, é uma estratégia que ajuda a entender todas elas como coabitantes deste universo fabuloso”, conclui.

Luiz Braga – cuja última exposição integralmente em preto e branco realizada no Rio foi, curiosamente, há exatos 30 anos – endossa o pensamento do curador: “O trabalho retorna, de certa forma, ao essencial, que é esse caráter humanista que eu procuro celebrar na minha obra. O suporte P&B permite ao espectador desfrutar da estrutura do meu pensamento, no sentido de valorizar o gesto caboclo, a relação sábia que ele tem com a água e a harmonia que resulta desse encontro. Nunca quis fazer uma indexação enciclopédica desse mundo, com meu trabalho ou um levantamento etnográfico. Antes de tudo, eu sou um contador de histórias, que vive essas histórias”.

A mostra inaugural da nova sede da Galeria da Gávea procura criar um percurso por toda a construção, ocupando mezanino, dispensa, reservas técnicas, corredores, banheiros etc e não apenas os espaços expositivos. “Percebemos que o que torna ainda mais interessante uma mostra com essa temática tão rica é estarmos em uma casa do século retrasado com grandes janelas, em meio à natureza, cujo terreno é cortado por um rio, o que nos remete imediatamente ao cenário em que as fotografias foram produzidas”, observa Bernardo. A nova sede abrigará mostras de fotografia brasileira contemporânea, palestras, cursos e ainda o Prêmio Gávea de Fotografia, que dá visibilidade a talentos emergentes.

Braga delimitou seu território de ação ao redor de Belém do Pará, onde nasceu e vive até hoje, o que considera uma resistência, por estar longe dos grandes centros. “Eu vivo imerso nessa cultura. Cada vez que faço um mergulho, descubro novas camadas. Minha obra não está inscrita em uma área geográfica necessariamente vasta; a vastidão é para dentro, pelo uso de variadas técnicas ou dos diferentes fascínios que me movem”, frisa.

Para o curador Bernardo Mosqueira, a importância na valorização de artistas que estejam fora do eixo econômico-cultural do país tem um caráter político forte: “O Brasil é muito grande, tem muitas formas de viver e de ser dentro dele, que a gente ignora. A gente tem uma diversidade de saberes e acho que trabalhos como o do Luiz tem uma importância muito grande, de uma formação de pensamento do brasileiro sobre o Brasil. É mais um passo importante dentro da criação de uma autonomia cultural brasileira, de se reconhecer, de reconhecer um brasileiro diferente e entender que tem saberes naquilo. Fazer uma exposição dessas tem essa importância também”.

Luiz Braga

Com mais de 200 exposições realizadas, entre individuais e coletivas, Luiz tem recebido diversas distinções por seu trabalho, como o prêmio APCA de melhor exposição de fotografia de 2014 – pela mostra Retumbante natureza humanizada –, e o prêmio Marc Ferrez, do Instituto Nacional de Fotografia da Funarte, em 1988. Em 1991, recebeu, por Anos de Luz, o Leopold Godowsky Color Photography Awards, da Boston University, exibido no ano seguinte no MASP. Um dos dois representantes brasileiros na 53ª Bienal de Veneza, em 2009, o artista já teve suas obras exibidas em países como Alemanha, Argentina, Bélgica, Canadá, Eslovênia, EUA, França, Holanda, Inglaterra, Itália, Japão, México, Noruega, Portugal e Suíça. Seus trabalhos compõem acervos de importantes instituições como o Perez Art Museum de Miami e Photographic Resource Center, na Boston University (EUA), o Centre Culturel Les Chiroux (Bélgica), Centro Português de Fotografia, no Porto, e Coleção Novo Banco, Lisboa (Portugal), MAM/SP, Pinacoteca do Estado de São Paulo, MASP, MAM/RJ, Biblioteca Nacional e Museu de Arte do Rio, entre outras.

SERVIÇO:

Espelho d’água,  exposição com obras de Luiz Braga

Curadoria: Bernardo Mosqueira

Exposição: de 15 de setembro a 17 de novembro

Horários: seg a sex, das 11h às 19h

Local: Galeria da Gávea

Endereço: Av. Marquês de S. Vicente, 432 – Gávea

Tel: 2274-5200

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